A PARTICIPAÇÃO DE MARIE CURIE NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
A
cientista foi para o front com unidades móveis que faziam radiografias
ATUALIZADO POR: MARÍLIA MARASCIULO
Marie Curie (foto: domínio público) |
É provável que Marie Curie seja a mulher mais
conhecida da ciência. A polonesa naturalizada francesa realizou pesquisas pioneiras
sobre a radioatividade, pelas quais ganhou não um, mas dois prêmios Nobel — ela
é a primeira e única pessoa a ganhar o prêmio duas vezes. Mas o que talvez
pouca gente saiba é que ela teve uma atuação importante na Primeira Guerra
Mundial.
Há 100 anos, durante a guerra, enquanto as tropas
alemãs chegavam a Paris, Curie teve o cuidado de pausar suas pesquisas. Ela
guardou seu estoque de Rádio em um container, levou-o a Bordeaux, no sul da
França, e o deixou em um cofre de um banco local. Com seu principal objeto de
estudos a salvo, ela buscou outra tarefa. E, em vez de fugir do conflito, ela
decidiu entrar nele. Não lutando, muito menos fabricando armas, mas salvando
vidas.
Os raios-X, um tipo de radiação eletromagnética,
foram descobertos em 1895, pouco antes do início da guerra, por Wilhelm
Roentgen. Os médicos logo começaram a usar as máquinas para encontrar objetos
estranhos nos corpos dos pacientes como, por exemplo, balas. O recurso era
valioso para tratar os feridos durante uma guerra, ajudando a tornar as
cirurgias mais precisas. Quando ela estourou, porém, as máquinas só eram
encontradas em hospitais da cidade, muito longe dos campos de batalha onde
soldados eram tratados.
Marie Curie em um dos veículos que
inventou para realizar raio-x durante a guerra
(foto: Wikipédia/unknown - Eve Curie:
madame Curie. s. 329 )
A solução foi criada por Curie. Ela inventou o
primeiro “carro radiologista”, um veículo adaptado com uma máquina de raios-X e
equipamentos para revelar as imagens. O carro incluía uma espécie de gerador
elétrico movido pelo motor que fornecia a energia necessária para os raios-X
funcionarem.
O exército francês não quis financiar a invenção de
Curie, a fazendo buscar apoio na União das Mulheres da França, que deu a ela o
dinheiro para produzir o primeiro carro. Como um só carro não bastava, Curie
foi atrás de mulheres francesas ricas que pudessem doar veículos. Conseguiu 20.
Aí faltava treinar operadores para os equipamentos,
e a cientista mais uma vez buscou mulheres para o serviço, oferecendo cursos de
treinamento para mulheres voluntárias, ensinados por ela e sua filha Irène, que
anos depois também ganhou um prêmio Nobel por ter descoberto a radioatividade
artificial.
Cerca de 150 mulheres foram treinadas por Curie e
partiram para o front nos “pequenos Curie”, como os carros eram apelidados. A
própria cientista participou — para isso, não só teve que aprender a dirigir, como
também princípios básicos de mecânica, entre eles trocar pneus e limpar
carburadores. No fim, estima-se que o esforço de Curie e seu pequeno exército
de mulheres tenha sido o responsável pelas radiografias de mais de um milhão de
soldados durante a Primeira Guerra Mundial.
Embora poucas mulheres que trabalhavam nos pequenos
Curie tenham sido vítimas diretas dos combates, muitas sofreram queimaduras por
causa da superexposição aos raios-X. A própria Curie sabia que tamanha
exposição traria riscos para a saúde, entre eles câncer. Ela contraiu anemia
aplástica, uma doença no sangue. Muitos acreditam que teria sido decorrente dos
anos de exposição ao Rádio, mas a própria Curie atribuía a doença à exposição
aos raios-X durante a guerra. Embora nunca se saberá com certeza se eles foram,
de fato, uma análise de seus restos mortais em 1995 mostrou que seu corpo não
apresentava vestígios de Rádio.
FONTE
Texto extraído do
site:
<https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/11/participacao-de-marie-curie-na-primeira-guerra-mundial.html>.
Acesso em: 31.jan.2019.
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